quinta-feira, dezembro 21, 2006
Autocarros
Ando de autocarro. Não pode ser barato, não por ser prático, mas porque sofro de frotteurismo. Para quem não sabe o que isso é, pode-se dizer que tenho pancada por me roçar em pessoas em transportes públicos.Então quando o condutor manda uma bruta travagem, pra vocês é um moche de velhas, pra mim é uma orgia. E é só talões do euro milhões a voar.
Sou um frotteurista assumido, até mandei imprimir uma t-shirt com o lema do clube: “cabe sempre mais um”. E é nesses momentos, que o condutor grita - “ò pá, cheguem-se lá pra trás!”; e eu respondo – “por mim ‘tasse bem, não se incomodem”. *Roça, roça, roça*.
Dentro do autocarro, vive-se uma pequena comunidade onde há regras. Para os jovens, há que estar sentado no sítio certo. Os bancos de trás, é para malta super hiper mega fixe, os da frente é pra os otários. Maior parte da juventude prefere a parte traseira, para ser mais fácil dar à sola caso apareça o pica bilhetes.
Em relação à segurança, nos autocarros antigos existia à frente do banco um ferro para as pessoas se segurarem. Que era perfeito caso houvesse um acidente, bater-mos lá com as trombas. Caso o autocarro capote e fique em chamas prestes a explodir, há que fugir partindo uma janela. Mas atenção que só naquelas janelas que tenham um autocolante a dar permissão, lembrem-se disto quando tiverem em pânico. Nas paredes do autocarro, existe uma pequena base vermelha, onde supostamente existia um martelo. Caso tenham sorte do puto estúpido que o roubou esteja naquele autocarro, o martelo não serve de nada, pois é tão fatela que só parte o vidro, caso encontrem o ponto fraco… mais uma tarefa para o impedir de entrar em pânico.
Mas no autocarro também existe amor, por conveniência:
- “Yah, eu curto da Rita e é mais gira, mas ela apanha o 36 e eu o 32… e ainda é uma hora de viagem”. E ficam uma hora a lamberem-se que nem gatos. Afinal não curto roçar-me em pessoas, gosto é de ver sexo erótico ao vivo. Como o dia já tivesse começado bem, ainda tenho que andar no autocarro de pau feito.